Balanço da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a qual o G1 teve acesso nesta segunda-feira (13), mostra que Pernambuco é o segundo estado do Nordeste em número de mortes provocadas por acidentes na rede elétrica. Segundo a agência reguladora, foram registrados 18 óbitos decorrentes de incidentes com a estrutura energética.

O estado só perde para a Bahia, que contabiliza 34 mortes. O Ceará aparece em terceiro, com 15 óbitos. Os dados mais recentes divulgados pela Aneel são de 2012, já que a agência não computou o balanço do ano passado. Nesta segunda-feira (13), a Polícia Civil começou a ouvir as primeiras testemunhas da morte de Ênio Marcondes Ferreira de Brito, 11, eletrocutado após tocar em um fio caído no chão, em Paulista, no GrandeRecife, na última quinta (9).
Ao delegado Álvaro Muniz, responsável pelo caso, elas afirmaram que a fiação caiu pela manhã e a equipe da Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) chegou à tarde, após o acidente. Também denunciaram que é comum a fiação do local se partir com frequência.
O delegado informou que solicitou uma perícia sobre o estado da rede elétrica da região. A Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe) também instaurou um processo de fiscalização especial para apurar causas de acidente. O prazo de conclusão é de 60 dias.
Entre 2008 e 2014, a Arpe registrou 113 acidentes fatais na rede da Celpe. Só ano passado, a agência autuou a companhia em mais R$ 30 milhões por má gestão técnica e comercial do serviço. Mesmo com esses índices, considerados altos pela direção da Arpe, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a intervenção e uma possível perda da concessão são medidas extremas, que ainda não serão adotadas em relação à Celpe.
Inquérito policial
O delegado Álvaro Muniz informou ao G1 que ouvirá mais testemunhas nos próximos dias, além de parentes da vítima e funcionários da concessionária. "As testemunhas já ouvidas relataram que esse fio [que causou a descarga elétrica] teria caído no início da manhã, houve falta de energia, e a morte do menino ocorreu por volta das 12h30, quando a Celpe ainda não tinha chegado.
O menino encostou no fio que estava numa poça, pois tinha chovido e a rua não tem calçamento. As testemunhas se queixam de queda de fios, que são ligados à rede da Celpe, dizem que já aconteceu isso pelo menos uma duas vezes, causando falta de energia", relatou.
O delegado aguarda a perícia tanatoscópica, que vai indicar a causa da morte da criança. "O nosso encargo é averiguar alguma responsabilidade criminal da Celpe, pois a morte ainda não está esclarecida. Por isso, é cedo para dizer o que pode acontecer com a Celpe", explicou.
Em nota, a Celpe disse que recebeu chamado para atendimento de fio de energia partido às 10h54 e, "imediatamente, uma equipe de prontidão foi encaminhada ao local para atender com prioridade à ocorrência". Ao encontrar o local, os eletricistas da Celpe foram avisados por moradores do acidente. "O fio, rompido por ligação clandestina, estava submerso em uma poça d´agua. A equipe desligou o fornecimento de energia e prestou socorro a Ênio Marcondes Ferreira de Brito", completa a nota.
A Celpe acrescenta que combate permanentemente a prática de ligações clandestinas e cita que, em 2013, foram realizadas mais de 140 mil inspeções. Por fim, a concessionária informa que está à disposição das autoridades policiais para prestar os esclarecimentos necessários e auxiliar na apuração dos fatos.
Fonte: G1 PE
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